domingo, 29 de agosto de 2010

Uma reflexão sobre o momento político ... E, quem quiser, que vista a carapuça!

Tiririca sou (e estou) eu!

Patrícia Drummond

A certeza da eleição do Tiririca e de outros tantos  palhaços na corrida para renovar as 513 cadeiras da Câmara Federal e dois terços dos 81 senadores, dão uma ideia da maratona nonsense destas eleições - sem, contudo, espaço para o humor que conscientiza.

Assistindo a tudo estamos nós, eleitores, ao todo - e, na verdade - 135 milhões de palhaços, que podem até usar Tiririca como espelho. Bandidagem em todas as esferas do Poder; fichas-sujas escapando e entrando no páreo. Ou o Collor candidato ao governo de Alagoas. E o próprio Tiririca, que diz para os eleitores tiriricas da vida com este circo: "Pior do que tá, não fica." Será?

Tiririca é a grande aposta de um partido de aluguel, que lhe deu o número 2222 - quatro patinhos na lagoa. Diz que nada entende de política, que nem sabe bem o que faz um deputado federal, além do que lhe disse a própria mãe. Também afirma que não usará suas fantasias de palhaço na Câmara Federal. Pretende utilizar outra fantasia: o "uniforme" de político.




Sim, este circo está aí, armado, também no horário eleitoral local. "Tias", fulano da saúde, gente prometendo 60 anos para criminosos em vez de uma política pública que de fato reeduque para o convívio social, fazendo jus ao que sai do nosso bolso para a manutenção dos detentos. Tem gente que nunca foi sequer representante de classe no primário e quer o seu voto.

Sim, o circo está armado e cheio de alpinistas e picaretas no picadeiro. Sonham com enriquecimento fácil, acesso à corrupção, mordomias que fizeram a história de muitos políticos sem capital e também de oligarcas de todos os Estados, desde a aurora da República.

Claro, sempre existiram e existem políticos sérios. Mas o brasileiro analfabeto, semianalfabeto, aqueles discípulos da Lei do Gerson, ou os malditos no poema de Bertold Brechet - "o analfabeto político" - transformam tudo em piada, samba, cerveja e churrasco. E votam mesmo nos Collors, Malufs, Clodovis e Tiriricas. Não têm nada a perder.

Pois eu tenho. Que tal, agora, irmos ao espelho procurar o nosso nariz de borracha, vermelho, de palhaço, eliminá-lo e votar consciente? A tal de Democracia começa por aí. Lembre-se que milhares e milhares lutaram e muitos morreram pelo seu sagrado direito de ir à urna.


Artigo publicado na edição deste domingo (página 6), do jornal O Popular/GO:





PS. Errinho crasso no nome do Bertold Brecht. Perdoem! É a correria na hora da edição ...

2 comentários:

  1. Amiga, também estou tiririca com esses zilhões de tiriricas que invadem o horário nobre.
    Parabéns pelo blog! Precisávamos de você por aqui também...
    Bjss!!

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  2. O pior é perceber que além dos tiriricas estampados no horário eleitoral, ainda existem os tiriricas disfarçados nestas fantasias de político.
    Às vezes penso que é bom que uns seres aloprados assim sejam eleitos para que, talvez um dia, as pessoas percebam o que está sendo a política brasileira.

    Ótimo blog, já estou seguindo.

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