sábado, 11 de dezembro de 2010

Para todos os meus amigos ... De ontem, de hoje e de sempre. E de todos os jeitos


AMIGO ... UM ENSAIO

"Difícil querer definir amigo. Amigo é quem te dá um pedacinho do chão, quando é de terra firme que você precisa, ou um pedacinho do céu, se é o sonho que te faz falta.

Amigo é mais que ombro amigo, é mão estendida, mente aberta, coração pulsante, costas largas. É quem tentou e fez, e não tem o egoísmo de não querer compartilhar o que aprendeu. É aquele que cede e não espera retorno, porque sabe que o ato de compartilhar um instante qualquer contigo já o realimenta, satisfaz. É quem já sentiu ou um dia vai sentir o mesmo que você. É a compreensão para o seu cansaço e a insatisfação para a sua reticência.

É aquele que entende seu desejo de voar, de sumir devagar, a angústia pela compreensão dos acontecimentos, a sede pelo 'por vir'. É ao mesmo tempo espelho que te reflete, e óleo derramado sobre suas águas agitadas. É quem fica enfurecido por enxergar seu erro, querer tanto o seu bem e saber que a perfeição é utopia. É o sol que seca suas lágrimas, é a polpa que adocica ainda mais seu sorriso.

Amigo é aquele que toca na sua ferida numa mesa de chopp, acompanha suas vitórias, faz piada amenizando problemas. É quem tem medo, dor, náusea, cólica, gozo, igualzinho a você. É quem sabe que viver é ter história pra contar. É quem sorri pra você sem motivo aparente, é quem sofre com seu sofrimento, é o padrinho filosófico dos seus filhos. É o achar daquilo que você nem sabia que buscava.

Amigo é aquele que te lê em cartas esperadas ou não, pequenos bilhetes em sala de aula, mensagens eletrônicas emocionadas. É aquele que te ouve ao telefone mesmo quando a ligação é caótica, com o mesmo prazer e atenção que teria se tivesse olhando em seus olhos. Amigo é multimídia.

Olhos... amigo é quem fala e ouve com o olhar, o seu e o dele em sintonia telepática. É aquele que percebe em seus olhos seus desejos, seus disfarces, alegria, medo. É aquele que aguarda pacientemente e se entusiasma quando vê surgir aquele tão esperado brilho no seu olhar, e é quem tem uma palavra sob medida quando estes mesmos olhos estão amplificando tristeza interior. É lua nova, é a estrela mais brilhante, é luz que se renova a cada instante, com múltiplas e inesperadas cores que cabem todas na sua íris.

Amigo é aquele que te diz 'eu te amo' sem qualquer medo de má interpretação: amigo é quem te ama 'e ponto'. É verdade e razão, sonho e sentimento. Amigo é pra sempre, mesmo que o sempre não exista."

(Marcelo Batalha)
Para conhecer o site do autor:
http://www.geocities.com/marcelobatalha

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Início ... e fim.



Não mais que outubro serei forte.
Só saberei de mim domingo, depois do sorvete.
Aí então caminharei pelas segundas,
quando das feiras só restarem folhas de repolho e
sobras de frutas pelo chão.
Não mais saberei de ninguém,
enquanto houverem sinos anunciando algum início.
No sábado ou em dezembro seremos todos novos,
mesmo que tudo pareça tão igual ...


(por Sumaya Prado)


De autor desconhecido ...



Li em qualquer e-mail, algum dia desses ... Não sei de quem é o texto. Mas adorei. Tudo a ver com o meu momento, com a minha história ... Assim como a moça da ilustração - a não ser pela cor do cabelo -, felinamente muito bem acompanhada ...


"... Não sei se estou perto ou longe demais, se peguei o rumo certo ou errado. Sei apenas que sigo em frente, vivendo dias iguais de forma diferente. Já não caminho mais sozinha, levo comigo cada recordação, cada vivência, cada lição. E, mesmo que tudo não ande da forma que eu gostaria, saber que já não sou a mesma de ontem me faz perceber que valeu a pena."

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Sonhos de um cidadão eleitor

Eleições democráticas, como estas em que hoje votamos com plenas garantias constitucionais asseguradas, sempre são um ápice civilizacional. Ápice do conflito mais intensamente renovador, nas lutas vitais da democracia. E ápice decisivo, porque dele resulta, e nele se materializa, o mais belo acordo de convivencia política entre as partes antagonistas: o acordo dentro do qual, ao se submeterem à decisão da vontade popular, os vencidos aceitam ser governados pelos vencedores.

Mas sem que desapareçam da cena política, porque lhes caberá o papel também essencial de ser oposição, com espaços próprios de atuação nos mecanismos do poder. E com direito as novas disputas nas eleições seguintes.

Confesso, porém, que o meu foi um voto cético. Não porque em quem votei possa ganhar ou perder nas urnas. Isso não tem grande importância, neste oceano difuso de mediocridade partidária em que somos obrigados a exercer o direito ao voto. Fui um eleitor cético, sim, mas por acreditar que precisamos bem mais do que urnas livres e invioláveis para dar sentido e valor político ao nosso voto.

Precisamos de sonhos. E de práticas democráticas que os realizem.

Por enquanto, como eleitor, e quaisquer que tenham sido ou venham a ser os eleitos e os derrotados, não enxergo razões para acreditar em avanços que saiam das urnas. Como cidadão, porém, acredito em sonhos e na obrigação de tê-los.

E sonhar é preciso, porque, sob vários pontos de vista, esta campanha eleitoral foi uma lástima.

Tivemos um Presidente da República que mandou às favas a dignidade do cargo, para se entregar, quase em tempo integral, ao papel de cabo eleitoral desbocado, com adesão a baixarias comuns de palanque.

Tivemos candidatos aos mais importantes cargos da governação sem uma proposta consistente de Nação a construir. Portanto, sem programas confiáveis de governo.

Como grande fato eleitoral, tivemos a revelação de uma trama real de corrupção e clientelismo nos espaços de poder da própria Presidência da República. E sem manifestações de indignação, nem oficiosas nem oficiais.

Tivemos uma atuação jornalística que, em alguns momentos e em alguns veículos, assumiu despropositado e desonesto tom de campanha  - ainda que, no caso das denúncias, trabalhando com informações provavelmente verdadeiras (e esse é um assunto que merecerá outro texto).

E tivemos Tiririca, Maguila, Mulher Pera, Mulher Melancia, Mulher Morango, entre numerosas caricaturas grotescas postulando votos com táticas de deboche.

Ainda assim, tenho pelo menos quatro grandes sonhos de cidadão. Sonhos que não coloquei na urna, mas que abro aqui, aos que partilham este meu tão pequeno e ao mesmo tempo tão amplo mundo de fluxos em que navego, como blogueiro:

1 – O sonho de termos um Presidente da República que o seja de todos os brasileiros e em todos os momentos. Um Presidente da República com sabedoria e grandeza para elaborar conciliações éticas (isto é, sustentadas em valores, não em objetivos partidários) entre os deveres republicanos de Chefe de Estado e as ações de chefe do Governo.

2 – O sonho de termos no Brasil um governo que assuma como seus, e do partido ou das coligações que represente, os objetivos que a Constituição lhe impõe, de construir uma sociedade livre , justa e solidária; de garantir o desenvolvimento nacional; de erradicar a pobreza e a marginalização; de promover o bem de todos (e não apenas de alguns, os apadrinhados), sem preconceitos e sem discriminações. Por decorrência, um governo que não pratique nem tolere a corrupção (inclusive a “legal”), o nepotismo, o empreguismo, o tráfico de influência e gigantesco elenco de mordomias imorais; e que elimine a prática de gastar dinheiro público, aos milhões, em propaganda institucional que, servindo apenas aos projetos partidários ou pessoais de poder, engana deliberadamente os cidadãos brasileiros, impingindo-lhes uma realidade sem problemas, sem carências, sem injustiças, sem exclusões, sem falhas administrativas e sem desonestidades.

3 – O sonho de termos, nos cenários políticos, oposições democráticas fortes e idealistas, com lideranças igualmente fortes e idealistas, protegidas pelos direitos constitucionais de existir, pelo zelo republicano do Presidente da República e pela representatividade de segmentos da sociedade manifestados nas votações eleitorais.

4 – Sonho de termos meios jornalísticos que assumam formalmente compromissos éticos, os divulguem, os assumam como marcas de identidade e os imponham, como razão de ser, às respectivas linhas e ações editoriais.

Sei que é sonhar muito.

Mas agora, mesmo tendo já depositado na urna o meu voto cético, não resisto a perguntar: para quê e por quê votar, se não pudermos sonhar?



Por Manuel Carlos Chaparro. Doutor em Ciências da Comunicação e professor de Jornalismo na Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo. Grande jornalista, desde 1957.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O tempo ... Ah! O tempo ...

Revi o filme ontem e me lembrei deste texto, publicado à época da estreia no cinema ...




Ensaio sobre o tempo
Patrícia Drummond

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.
(AH! OS RELÓGIOS, de Mario Quintana - A Cor do Invisível )

Muito já se falou sobre o tempo. Caetano já dedicou a ele uma canção inteira; Renato Russo, no auge oitentista, cantou o tempo perdido; Fernanda Takai chamou-o de amigo e "mano velho" -- bem ao estilo dos anos 90. Na Literatura, Simone de Beauvoir escreveu sobre o tempo -- e a ambição, o poder, a imortalidade, o prazer, o destino e a transcendência -- em seu romance Todos os Homens são Mortais; Anne Rice, voltou ao tema na saga de seu imortal Vampiro Lestat.
Nós todos, a cada dia, o que fazemos, se não viver e correr contra o tempo, em todos os sentidos? É nele que (não) pensamos quando buscamos esconder, aqui e ali, um fio branco de cabelo, uma ruga no rosto ... Marcas do tempo! Arsenal de cremes e tratamentos, malhação e dietas desenfreadas e sem critério, em nome da saúde, quando, na verdade, o que se deseja, é evitar -- ou ao menos retardar -- sobre nós mesmos os efeitos do inexorável tempo ...
Fugimos dos hospitais, pouco encaramos nossos doentes mais próximos, abandonamos nossos idosos e passamos apenas rapidamente nas salas onde amigos velam seus mortos para não termos de refletir sobre o tempo ... O tempo que chega e que vai para todo mundo -- certeza única em toda a nossa existência.
Mas nada tão perturbador sobre o tempo quanto O Curioso Caso de Benjamin Button. Por quase três horas, a reflexão está ali, imposta, jogada na nossa cara em forma de poesia. O filme mostra, com delicadeza, que as perdas -- todas elas -- são inerentes ao tempo, e não há como lutar contra isso. Há um significado especial também para destino, coincidência, sina ou "colisão" (como sabiamente define o personagem de Brad Pitt), conceitos sempre atrelados ao tempo -- que se perdeu ou que se gostaria de recuperar.
Ao final, a reflexão vem como um soco no estômago: é preciso, mesmo, viver cada minuto como se fosse o último, um dia após o outro; e amar -- e dizer que se ama -- como se não houvesse amanhã; e carregar a alma e o coração de (boas) lembranças, porque é essa a única bagagem que dá para levar na nossa última viagem. O tempo é agora. Sempre. Sem pressa. E sem clichês. Porque pior do que ver o tempo passar -- incontrolavelmente --, pior do que envelhecer, é não ter lembrança de nada, é não ter memória, é não ter as marcas do tempo em uma história para contar.

Sobre comédias românticas ...

"... Para nós, humanos, o mundo das aspirações é tão importante quanto o da realidade. Vivemos em um mundo de referências culturais e psicológicas. Se erguemos dentro de nós um cenário de sonho, é fatal que ele seja comparado ao que se apresenta no mundo real, com resultados imprevisíveis.

Talvez o escapismo desses filmes exacerbe as nossas dificuldades com a realidade. Talvez alguns de nós sejam contaminados pelo romantismo das comédias e – mesmo sem saber - passem a vida esperando o par perfeito do cinema.

Ou então, de um jeito igualmente daninho, essas fantasias talvez nos façam olhar para as nossas relações reais com uma ponta de amargura e desapontamento – cadê a beleza perfeita, o humor perfeito, a diversão permanente? Acho que todos já sentiram alguma vez o retrô gosto amargo da fantasia cinematográfica.

Dito isso, é bom não exagerar na tese. As pessoas estão vendo filmes românticos no Ocidente há quase 100 anos e a taxa de natalidade (ainda) não se tornou negativa. No Brasil, milhões de pobres morenos assistem ao desfile diário de riqueza, arianismo e fantasia das novelas – todo mundo é rico, loiro e vive apaixonado – sem que isso tenha provocado ondas de suicídios coletivos.

As pessoas sabem separar realidade de fantasia, não são esquizofrênicas.

A minha experiência, porém, sugere que os mais felizes em qualquer meio são aqueles que vivem com os pés no chão. São aqueles que se misturam prazerosamente às pessoas e à realidade em torno deles, que fazem parte do cenário e atuam nele. Pessoas felizes vivem intensamente a realidade, não os filmes.

Quando se trata de casais, é o mesmo. Sempre tive impressão de que os melhores, os mais felizes, eram formados por pessoas práticas, capazes de olhar para a vida como ela é – e não como deveria ser num roteiro de filme ou num script de novela.

Quando se é capaz de amar pessoas reais no mundo real, é muito mais fácil ser parte de um casal duradouro. Românticos têm mais dificuldades. Para eles se inventou o mercado das emoções baratas. Para eles são feitas as comédias românticas. Elas são bacanas, enchem uma tarde, mas não deveriam realmente influenciar as nossas vidas."

(Por Ivan Martins, em 22/09/2010, na Revista Época on line)

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Sobre política, censura e democracia

Tô com a Dora Kramer e não abro: "A decisão do TSE que determinou a retirada do comentário de Arnaldo Jabor do site da CBN, a pedido do presidente Lula, até pode ter amparo na legislação eleitoral, mas fere o preceito constitucional da liberdade de imprensa e de expressão, configurando-se, portanto, um ato de censura". 

Li a colunista política no último domingo, no Estadão. Em outro trecho, ela diz: "Jabor faz parte de uma lista de profissionais tidos pelo Presidente Lula como desafetos e, por isso, passíveis de retaliação à medida que se apresentem as oportunidades!" ... É verdade. Todo mundo sabe que isso acontece. Em todos os cantos do planeta, em todos os sistemas políticos e em meio a governantes de todas as estirpes, siglas e faces - até mesmo entre aqueles que se autodeclaram 'democráticos' (aliás, principalmnete nesse caso, cachorro que late muito, morde muito também!) ...

Aqui em Goiânia, já teve prefeito de partido 'democrático e de luta' que já pediu a cabeça de jornalista ... 

Absurdo! Político tem que batalhar é pelo direito de todo mundo - indistintamente - ser ouvido. Ainda que o barulho venha do lado de lá, da oposição, e isso lhe custe alguns pontinhos a menos nas pesquisas eleitorais. Democracia de verdade - a que eu conheço e que eu quero para todos os cidadãos da Terra - é isso. O resto, é pura hipocrisia.

E, para quem quiser dar uma conferida no texto do Jabor - o que foi retirado do site da CBN -, aí vai:


A VERDADE ESTÁ NA CARA, MAS NÃO SE IMPÕE

(ARNALDO JABOR)


    O que foi que nos aconteceu?
    No Brasil, estamos diante de acontecimentos inexplicáveis, ou melhor,'explicáveis' demais.
    Toda a verdade já foi descoberta, todos os crimes provados, todas as mentiras percebidas.
    Tudo já aconteceu e nada acontece. Os culpados estão catalogados, fichados, e nada rola.
     A verdade está na cara, mas a verdade não se impõe. Isto é uma situação inédita na História brasileira!!!!!!!
    Claro que a mentira sempre foi a base do sistema político, infiltrada no labirinto das oligarquias, mas nunca a verdade foi tão límpida à nossa frente e, no entanto, tão inútil, impotente, desfigurada!!!!!!!!
    Os fatos reais: com a eleição de Lula, uma quadrilha se enfiou no governo e desviou bilhões de dinheiro público para tomar o Estado e ficar no poder 20 anos!!!!
    Os culpados são todos conhecidos, tudo está decifrado, os cheques assinados, as contas no estrangeiro, os tapes, as provas irrefutáveis, mas o governo psicopata de Lula nega e ignora tudo !!!!!
    Questionado ou flagrado, o psicopata não se responsabiliza por suas ações. Sempre se acha inocente ou vítima do mundo, do qual tem de se vingar. O outro não existe para ele e não sente nem remorso nem vergonha do que faz !!!!!
    Mente compulsivamente, acreditando na própria mentira, para conseguir poder. Este governo é psicopata!!! Seus membros riem da verdade, viram-lhe as costas, passam-lhe a mão nas nádegas. A verdade se encolhe, humilhada, num canto. E o pior é que o Lula, amparado em sua imagem de 'povo', consegue transformar a Razão em vilã, as provas contra ele em acusações 'falsas', sua condição de cúmplice e Comandante em 'vítima'!!!!! 
    E a população ignorante engole tudo. Como é possível isso?
    Simples: o Judiciário paralítico entoca todos os crimes na Fortaleza da lentidão e da impunidade. Só daqui a dois anos serão julgados os indiciados - nos comunica o STF.
    Os delitos são esquecidos, empacotados, prescrevem. A Lei protege os crimes e regulamenta a própria desmoralização Jornalistas e formadores de opinião sentem-se inúteis, pois a indignação ficou supérflua. O que dizemos não se escreve, o que escrevemos não se finca, tudo quebra diante do poder da mentira desse governo.
    Sei que este é um artigo óbvio, repetitivo, inútil, mas tem de ser escrito...
    Está havendo uma desmoralização do pensamento.
    Deprimo-me:
    Denunciar para quê, se indignar com quê? Fazer o quê?'
    A existência dessa estirpe de mentirosos está dissolvendo a nossa língua. Este neocinismo está a desmoralizar as palavras, os raciocínios. A língua portuguesa, os textos nos jornais, nos blogs, na TV, rádio,tudo fica ridículo diante da ditadura do lulo-petismo.
    A cada cassado perdoado, a cada negação do óbvio, a cada testemunha, muda, aumenta a sensação de que as idéias não correspondem mais Aos fatos!!!!!
    Pior: que os fatos não são nada - só valem as versões, as manipulações.
    No último ano, tivemos um único momento de verdade, louca, operística, grotesca, mas maravilhosa, quando o Roberto Jefferson abriu a cortina do país e deixou-nos ver os intestinos de nossa política.
    Depois surgiram dois grandes documentos históricos: o relatório da CPI dos Correios e o parecer do procurador-geral da república. São verdades cristalinas, com sol a Pino.
    E, no entanto, chegam a ter um sabor quase de 'gafe'.
    Lulo-Petistas clamam: 'Como é que a Procuradoria Geral, nomeada pelo Lula, tem o desplante de ser tão clara! Como que o Osmar Serraglio pode ser tão explícito, e como o Delcídio Amaral não mentiu em nome do PT ? Como ousaram ser honestos?'
    Sempre que a verdade eclode, reagem.
    Quando um juiz condena rápido, é chamado de exibicionista'. Quando apareceu aquela grana toda no Maranhão (lembram, filhinhos?), a família Sarney reagiu ofendida com a falta de 'finesse' do governo de FH, que não teve a delicadeza de avisar que a polícia estava chegando...
    Mas agora é diferente.
    As palavras estão sendo esvaziadas de sentido. Assim como o stalinismo apagava fotos, reescrevia textos para contestar seus crimes, o governo do Lula está criando uma língua nova, uma neo-língua empobrecedora da ciência política, uma língua esquemática, dualista, maniqueísta, nos preparando para o futuro político simplista que está se consolidando no horizonte.
    Toda a complexidade rica do país será transformada em uma massa de palavras de ordem , de preconceitos ideológicos movidos a dualismos e oposições, como tendem a fazer o Populismo e o simplismo.
    Lula será eleito por uma oposição mecânica entre ricos e pobres, dividindo o país em 'a favor' do povo e 'contra', recauchutando significados que não dão mais conta da circularidade do mundo atual. Teremos o 'sim' e o 'não', teremos a depressão da razão de um lado e a psicopatia política de outro, teremos a volta da oposição Mundo x Brasil, nacional x internacional e um voluntarismo que legitima o governo de um Lula 2 e um Garotinho depois.
    Alguns otimistas dizem: 'Não... este maremoto de mentiras nos dará uma fome de Verdades'!


quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Quando setembro chegar ...

 
 
“Quando setembro chegar o inverno terá acabado e o amanhecer virá me acordar, apressado. Não mais haverá folhas secas caídas ao chão, pois as cores, antes tímidas, voltarão em puro êxtase, bailando num festival deliciosamente provocante.

Quando setembro chegar o sol estará pleno, iluminando os mares do meu mundo. Uma brisa suave  teimará em bater de leve em meu rosto, desajeitando meus cabelos úmidos e pesados. Um aroma antigo se fará presente, trazendo consigo a quietude do meu ser. Quando setembro chegar eu serei todas as estações do ano ...”

(Texto de Ludmila Guarçoni)

Jornalismo

Está no blog O Xis da Questão, do professor Manuel Carlos Chaparro, doutor em Ciências da Comunicação e professor de Jornalismo na Escola de Comunicações e Artes, da USP: 

"Os acontecimentos são tantos, e tão interessantes sob o ponto de vista dos impactos aparentes, que o olhar jornalístico se deixou hipnotizar pelos encantos do que se passa na superfície agitada da Atualidade. E esquece que, abaixo o horizonte visível, e para além e aquém da materialidade dos fatos noticiáveis e noticiados, há um mundo de causas e efeitos, uma vitalidade inesgotável de energias e movimentos conflitantes, próprio dos processos culturais de viver e lutar. 

Claro que a superfície tem de ser olhada, e atentamente, com rigores até metodológicos. Mas o Jornalismo não pode perder a capacidade de fazer mergulhos de desvendamento dos conflitos ocultos, abaixo da linha do horizonte."

domingo, 29 de agosto de 2010

Uma reflexão sobre o momento político ... E, quem quiser, que vista a carapuça!

Tiririca sou (e estou) eu!

Patrícia Drummond

A certeza da eleição do Tiririca e de outros tantos  palhaços na corrida para renovar as 513 cadeiras da Câmara Federal e dois terços dos 81 senadores, dão uma ideia da maratona nonsense destas eleições - sem, contudo, espaço para o humor que conscientiza.

Assistindo a tudo estamos nós, eleitores, ao todo - e, na verdade - 135 milhões de palhaços, que podem até usar Tiririca como espelho. Bandidagem em todas as esferas do Poder; fichas-sujas escapando e entrando no páreo. Ou o Collor candidato ao governo de Alagoas. E o próprio Tiririca, que diz para os eleitores tiriricas da vida com este circo: "Pior do que tá, não fica." Será?

Tiririca é a grande aposta de um partido de aluguel, que lhe deu o número 2222 - quatro patinhos na lagoa. Diz que nada entende de política, que nem sabe bem o que faz um deputado federal, além do que lhe disse a própria mãe. Também afirma que não usará suas fantasias de palhaço na Câmara Federal. Pretende utilizar outra fantasia: o "uniforme" de político.




Sim, este circo está aí, armado, também no horário eleitoral local. "Tias", fulano da saúde, gente prometendo 60 anos para criminosos em vez de uma política pública que de fato reeduque para o convívio social, fazendo jus ao que sai do nosso bolso para a manutenção dos detentos. Tem gente que nunca foi sequer representante de classe no primário e quer o seu voto.

Sim, o circo está armado e cheio de alpinistas e picaretas no picadeiro. Sonham com enriquecimento fácil, acesso à corrupção, mordomias que fizeram a história de muitos políticos sem capital e também de oligarcas de todos os Estados, desde a aurora da República.

Claro, sempre existiram e existem políticos sérios. Mas o brasileiro analfabeto, semianalfabeto, aqueles discípulos da Lei do Gerson, ou os malditos no poema de Bertold Brechet - "o analfabeto político" - transformam tudo em piada, samba, cerveja e churrasco. E votam mesmo nos Collors, Malufs, Clodovis e Tiriricas. Não têm nada a perder.

Pois eu tenho. Que tal, agora, irmos ao espelho procurar o nosso nariz de borracha, vermelho, de palhaço, eliminá-lo e votar consciente? A tal de Democracia começa por aí. Lembre-se que milhares e milhares lutaram e muitos morreram pelo seu sagrado direito de ir à urna.


Artigo publicado na edição deste domingo (página 6), do jornal O Popular/GO:





PS. Errinho crasso no nome do Bertold Brecht. Perdoem! É a correria na hora da edição ...

Ele ... Friedrich Nietzsche! Em quem foi inspirado o nome deste blog ...

A frase é do grande Friedrich Wilhelm Nietzsche - e eu adoro!... "Odeio as almas estreitas, sem bálsamo e sem veneno, feitas sem nada de bondade e sem nada de maldade" ... É isso.